De vez em quando, faz bem acreditar no 'não é você, sou eu'. É um jeito de evitar passar a madrugada acesa com uma garrafa de whisky em uma mão, um pote de sorvete no colo e O diário de Bridget Jones rodando na TV pela enésima vez. A não ser que seus miolos funcionem como os meus. O relógio marca duas e dezenove da manhã e o sorvete de creme está pela metade. Me considero vitoriosa por estar sem o filme, o álcool e as lágrimas de desespero. Mesmo que tenha batido o recorde de palavrões do dia. Um ou dois cada vez que sua cara aparecesse para assombrar o que sobrou da minha dignidade. Digamos que foi mais frequente do que seria saudável. Mas pelo menos o sorvete era light.
Resmungando enquanto enfio uma colher atrás da outra na boca. Checando o celular de quinze em quinze segundos, esperando qualquer sinal de vida — e, de preferência, acompanhado por milhares de pedidos de desculpa. Que nem preciso dizer que não chegaram. Atualizando a foto de perfil de novo e de novo, para que, quem sabe, você se lembre de mim e de como eu sou até bonitinha. Que humilhante. Talvez estaria melhor assistindo uma comédia romântica mesmo.
Sobriedade não parecia ser o suficiente. Ainda entortava meus dedos, como se estivesse puxando a gola de uma camisa e torcendo-a para sufocar uma cabeça imaginária. Até as cores estavam me irritando. Como o céu pode ser tão insensível ao ponto de continuar azul por todos esses dias? Quer dizer, uma hora ele devia simplesmente se tocar de que nada estava bem e derramar cinzas na minha cabeça, acho.
Mas na minha cabeça, tudo meio que funciona como em um filme de comédia romântica — o que torna toda a situação trinta vezes mais crítica e provavelmente vai me levar até o primeiro travesseiro que encontrar e gritar até ficar roxa e perceber que eu meio que tenho um problema. E, hipoteticamente, foi o que eu fiz. Gritar sozinha é a melhor solução quando não se tem ninguém para conversar.
Graças ao verão, tive um mínimo de luz ao pegar a bicicleta as 4:40h da manhã e resolvi dar uma volta de pijamas. Gritando um pouco e cantando Should I or Should I go, ignorando o latido dos cachorros a medida que eu passava pelas suas respectivas casas.
E, cara. Isso foi incrível.
Depois de todo o tempo esperando por uma droga de ligação, quer dizer. É tão estúpido e egoísta. Mas talvez seja melhor assim, solitária. Com companhia, você não pensa, só se culpa. Só ouve o que quer, e eles sabem o que você quer. E com certeza essa é a parte que te fode. O silêncio dá um jeito de gritar a realidade pra você. O tornei meu melhor amigo.
E como a pior parte já foi, comecei a rir.
Olha só, mais um ótimo texto, engraçado, realístico, maravilhoso, inspirador... Tinha que ser seu né Amanda? Ai, ai, só você para escrever tãããão bem :p
ResponderExcluirBeijos
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uhauha que isso, obrigada <3
ExcluirAcho que é o primeiro texto seu que eu leio e já me apaixonei pela sua forma de descrever os fatos.Gostei da ideia de andar de bicicleta de pijama de madrugada e de comer um pote de sorvete! ás vez todas nós ficamos ansiosas esperando a tal ligação...
ResponderExcluirEmily Jacky
Sempre! hehe obrigada <33
ExcluirPor faltas de palavras, lá vai: PQP. Fiquei sem palavras mesmo - são poucos os textos que me deixam num estado assim, sem ar, com tantas verdades e tanta profundidade escancaradas. Parabéns - você escrever demaaaaais.
ResponderExcluirBeijos, Luu
http://degradeinvisivel.blogspot.com.br
Obrigada :D
ExcluirAmei amei esse texto, extremamente inspirador, e cara como você escreve bem, super bem <3
ResponderExcluirhttp://pequenamiia.blogspot.com.br/
Obrigada <3
ExcluirComo assim cara .. que texto lindo !!
ResponderExcluiradoreeei ♥
http://docegaroota.blogspot.com.br/
ADorei o final, aproveitando que era verão foi dar uma volta de bicicleta, acho que o ventinho da manhã deixa a gente mais alegre e vivos e a gente se sente como se fosse infinito ^^
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