Não sei se era março ou maio e sinceramente? Não me importa lembrar. O negócio é que eu realmente acordei esquisita nessa quinta-feira. Esquisita o suficiente para contar as bolhas formadas por cima do chocolate quente. Faz bem tomar um quanto chove. Mas o problema não foi contar. Foi que realmente parei a vida para isso. Em vez de usar todo o espaço-tempo do meu suposto dia inútil para criar, trabalhar e me ocupar, eu só parei. Sentei. Fui observar a parte mais monótona do meu dia e concluir que todas as 57 pequenas bolhas formadas tem mais a dizer sobre mim do que eu mesma. Porque depois de terminar de contar que percebi que estava triste. Triste o suficiente para não querer trabalhar. E daí fui lembrar de maio. Ou março.
Dizem que fluxos de criatividade e ideias em geral são melhores quando se está apaixonado. Não sei se pensam nisso como uma regra ou o que for. Que seja. Só sei que não se aplica a mim. Sou mais do oposto, quando dizem sobre ostras e pérolas. De qualquer forma, podem ser iguais. Estar apaixonado e triste, quero dizer. Esse coraçãozinho flutuante em cima da sua cabeça pode muito bem ser um grão de areia. Um grão de areia ou toda a praia. Arranhando a pele, a carne e os olhos. Engasgando os desavisados. Pensando bem, acho que não. Não sei sobre a ostra, mas trabalho muito melhor quando estou feliz. O problema é quando a felicidade mistura com a tristeza e formam um rabisco preto. Interrompe minhas conclusões e derrete todo o meu bom senso. O Pequeno Príncipe cuida bem de seus vulcões. Os meus entram em erupção oito vezes ao dia. E eu apenas observo. Não há nada mais a se fazer mesmo.
E quando a felicidade mistura com a tristeza que ativa um vulcão que derrete meu bom senso, eu passo a contar bolhas em bebidas.
E passei a contar bolhas quando conheci você. Enxerguei através um bocado de areia e nem me importei. Os dias passaram rápido demais e eu precisava escolher entre um masoquismo bem triste me mantendo por perto ou uma raiva mais descontrolada, mas distante. Era decidir entre contar bolhas ou estourá-las. Daí você chega, colidindo com meu planeta, derrubando meu café e pedindo desculpas pelo transtorno. Quer mudar de órbita um instante? Não sou uma desavisada, mas finjo ser uma. E mesmo sabendo que iria queimar a língua, fritar meu bom senso, escrever metáforas e ouvir mil comparações e 'eu te disse'', eu fui.
Pensando bem, talvez aquele rabisco preto seja mais inteligente que a felicidade pura ou a ostra. É bom se equilibrar na desarmonia.Um desafio ou dois faz bem.
Esse texto é tãaaao eu, me encontrei em cada palavra aqui. Só um mínimo detalhe, mesmo dos dias tristes eu consigo tirar um pouco de inspiração, mas a o resultado é beem diferente de algo que eu fiz numa vibe mais feliz kkk
ResponderExcluirFaz tanto tempo que eu não me sinto realmente feliz com minha vida, que já nem sei mais o que é buscar inspiração pra escrever quando se está tomado pelo sentimento...
ResponderExcluirObs: saudades de comentar aqui <3
Novembro Inconstante