Tem sonho de criança que custa cerca de um dólar e cinco centavos.
Não sei em quantos reais se converte. Também não acho necessário. Mas foi em uma mansão enorme, enquanto subia uma torre alta e claustrofóbica de tão pequena e quente que vi uma máquina. Daquelas que sai um tipo de pingente de colecionador quando se coloca dinheiro. Instantaneamente coloquei a mão no bolso, em busca de uma moeda. Duas. Coloque aqui sua moeda de um dólar. Coloque aqui sua moeda de cinco centavos. Franzi a testa enquanto abria a carteira. Encontrei uma moeda de um e uma nota de vinte. Ei, tem cinco centavos? É, vou ter que trocar. Na máquina de refrigerante, talvez. Desci as escadas.
Sempre amei os janeiros. É a época de separar algumas roupas, comprar um livro no aeroporto e passar sete dias fora. O lanche do avião me deixava eufórica e sempre sentava na janela. Vez ou outra, visitava uma cidade turística. Com Sol, praia, óculos, miçangas. Sempre fui amante de bugigangas. Frequentava as feiras mais cheias e colecionei todo tipo de tranqueira. E passei por várias dessas máquinas. Nunca parei em uma. Como vou saber se essas moedas vão virar uma medalha, só por girar uma manivela com força? Sentir as engrenagens amassando e moldando, carimbando um pedaço de metal? Mamãe dizia ser desperdício de dinheiro. Daí nunca pude girar aquela manivela. Usava o um real para comprar uma daquelas bolinhas de borracha que quicam ao serem jogadas no chão. Ou um pastel.
No caminho para a lanchonete, tinham mais duas máquinas, no mesmo corredor. Peguei uma pepsi e entreguei ao rapaz a nota de vinte. Pedi o troco em moedas e guardei as desnecessárias. Mantive no bolso duas de cada para prevenir. Fui apressada em direção à mais próxima. Encaixei as moedas onde a máquina orienta e fiz força. Nem se mexeu. Droga. Emperrou. Fui em direção à próxima e usei as moedas reservas. Girei. Ufa. Consegui. Meus olhos inquietos sob as pálpebras encaravam a saída da nova moeda. Caiu. Segurei o metal frio e velho na palma da mão. Desenhei o relevo do desenho da cidade com o polegar. Percebi o quão boba era de acreditar que a medalha era feita de moedas reais. Mas era mais divertido pensar assim. A Amanda de hoje não tem sonhos tão fáceis de se conseguir. Mas é tranquilizante realizar um sonho antigo. Mesmo que seja simples, como girar uma manivela.
Porque é assim que vemos se um sonho vale à pena. Quando o custo vira um nada perto do seu valor. Não importa se custa cinco ou cinquenta se te faz bem só de ver. Ou de ter na palma da mão. Não é desperdício quando suas moedas compram um sonho. Mesmo que não seja quentinho. Mesmo que não tenha acabado de ser formado.
lol parei para pensar agora hehe ..................................................
ResponderExcluirme veiona cabeça alguns sonhos perdidos de criança que hoje eu consigo realizar (bora bora)!!
gostei da forma como esse texto foi diferente e me fez relembrar coisas antigas,nostalgia? talvez haha
beijão :P
sonhos-perdiidos.blogspot.com.br/
"Porque é assim que vemos se um sonho vale à pena. Quando o custo vira um nada perto do seu valor. " ♥
ResponderExcluirSabe o que é triste? Perceber que a vida te mudou tanto, que você já não tem mais sonhos...
Novembro Inconstante