Odeio

Já sentiu como se tivessem balões estourando dentro da sua cabeça? Eu já. Eu sempre.

Parece que sempre que tento sair da rotina e perceber mais as pessoas ao redor, identificar e conhecer algumas fora da minha linha de conforto, eu acabo com tudo. Elas acabam com tudo. Para não usar palavra pior. E agora as vejo por toda parte e não tenho para onde sonhar em fugir. Não agora. Acabo ligando pessoas a lugares e lugares a situações. Tudo me lembra uma pessoa específica e isso nunca é bom.
É, está sim, tudo fodido.

Não consigo ouvir mais as mesmas músicas, nem frequentar o mesmo café. Não tenho culpa se dediquei minhas músicas favoritas para você. Foi involuntário. É, agora é impossível ouvi-las sem sentir cortes invisíveis pulsando por toda a extensão do meu corpo. Na minha cabeça. De dentro para fora. Dentro.

Odeio passar por aquele corredor e ser obrigada a relembrar cada estupidez que já disse, já fiz e já pensei em cada canto. Odeio as folhas do meu fichário, ornamentadas por desenhos que são mais piadas internas (ou prazeres –antigos– internos) do que algo para compartilhar. Mas na verdade, compartilhei demais. E foi isso o que me ferrou.

E odeio pessoas indecisas. Só ferram demais com minha cabeça, sabe? Dão uma certeza e depois negam com todas as forças. Falam sem nexo, anexam sem fala. Se é para fazer, faz. Se é pra falar, fala. Sem desculpas, enrolações ou barreiras que nunca existiram. Parece que tem gente que gosta de complicar. Valorizo a simplicidade de algumas coisas. Principalmente dessas.

A batida de violet bruise martela na minha cabeça. De repente, minha melancolia vira ódio. Fervendo, acesso, louco. Uma batida me leva a outra. Vou estourar, tenho certeza. Preciso extravasar. Agora como, eu não sei. Talvez tirar um pouquinho da arrogância da borracha dos balões, ajuda.