Sobre amores passados

Um dia desses, estava caminhando na rua do que seria uma paixonite que passou. Passei pela casa dele bem rápido, mas isso não impedia as mil lembranças vindo em minha direção. 

Parei um minutinho e percebi que isso não doía. Na verdade, nem importava mais. É aquele velho pensamento de "como pude gostar daquilo?". Impressionante que ele poderia ter sido "tudo na minha vida" em um certo tempo.

Torci com todas as minhas forças para que ele não estivesse em casa, ou se estivesse, que não me visse, ou se visse, que não me reconhecesse. Seria uma tola pensar que isso poderia acontecer. Estava muito diferente do que era oito anos atrás. Esse foi de oito anos atrás, imagino. 

E aquele que veio de nove anos atrás? Depois de anos evaporado da minha vida, resolveu voltar. Ele estava pior, e eu não sabia quem era naquela época. Tão novinha...! Como poderia?

Ainda teve outros, muitos outros; Aquele que lutava judô, aquele que tinha mais charme que qualquer outro, aquele que me fazia rir mais do que tudo, aquele músico, aquele que nadava, aqueles outros músicos, esportistas, engraçados... São vários. Vários que em certa época da minha vida, eram tudo para mim. Mas que agora, não faço questão nem de lembrar o nome, ou pensar em como eles são agora.

É incrível em como a mentalidade de uma pessoa muda com uma falsa paixão, uma coisa passageira... Confesso que os primeiros nem sequer me faziam diferença. Não me davam borboletas no estômago, uma pulsação mais forte no coração, ou sei lá como se descreve uma paixão "de verdade". 

Então parei de retroceder no tempo e passei a avançar. Quando avanço, vejo mais e mais garotos... Mas onde estou eu? 

Então fiquei triste, de repente. Via apenas o vulto de garotos no meu passado, não tirava um tempo para me dedicar a mim mesma. O amor que devia voltar para mim, eu distribuía para garotos aleatórios que pouco se importavam comigo. E foi aí que eu percebi; Se estou satisfeita e feliz agora, é por não deixar coisas bobas me machucar. E para isso, é preciso aprender a evitá-las. Todos aqueles meninos sem sentido acabaram me ensinando a me preservar. Como se a ingenuidade fosse uma pedra amarrada a vários balões que a levavam cada vez mais alto, e que cada garoto que passasse pela minha vida, estourasse um deles cada vez que eu percebia que isso não ia dar certo. A ingenuidade foi cedendo, cedendo... E caiu. Não importa se foi na terra, se afundou, se queimou... Não estava procurando por ela. Mas ela sumiu.

Então obrigada, meninos. Obrigada por serem uma parte que significasse algo em algum momento da minha vida, e mais importante: Por me deixarem crescer sem me importar com quem vocês são. Nisso, eu assino em baixo.